Sandra Vargas (Grupo Sobrevento), Eduardo Moreira (Grupo Galpão), Lucas Torres e Erivaldo Oliveira (Grupo Magiluth), Alex Neoral (Focus Cia. de Dança) e a alemã Mona Kloos estão entre os nomes que destinarão parte de sua passagem pela Capital para ministrar aulas, promover debates e compartilhar anos de estrada durante a 23ª edição do Porto Alegre Em Cena, que será realizado entre 13 e 26 de setembro. Além de aproximar os gaúchos de novas técnicas, os workshops promovem novas conexões entre atores, dançarinos, diretores e outros profissionais, dentro e fora do Estado.
Neste ano, a atração internacional na grade de oficinas é uma parceria com o Goethe-Institut e o GrupoJogo, com apoio da Secretaria da Cultura e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que estão trazendo à Capital Mona Kloos, formada em dança moderna pela Folkwang Hochschule.
“As oficinas são atividades de qualificação para os artistas profissionais que já trabalham com teatro ou dança e parte delas tem foco em estudantes de artes cênicas, pessoas que estão em processo de formação e que têm a possibilidade de experienciar atividades específicas, de acordo com a proposta estética de cada grupo ou oficineiro envolvido” explica Vika Schabbach, responsável pelas atividades paralelas do festival.
Dança, teatro de objetos, expressão corporal, inovação teatral, criação e outros temas estarão também fora dos palcos, voltados à educação teatral, de forma gratuita. Apenas nos workshops e nas oficinas são 110 oportunidades de qualificação em diferentes linguagens cênicas. Os interessados em participar das atividades têm entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro para fazerem suas inscrições.
Abaixo, veja como participar e o que estará sendo oferecido em atividades de aperfeiçoamento. Escolha sua oficina ou workshop e mande seu currículo e carta de intenção. Há cursos tanto para profissionais já atuantes como para estudantes de artes cênicas ou espectadores interessados em conhecer mais e, quem sabe, um dia também subir nos palcos.
MAIS INFORMAÇÕES
Inscrições: envio currículo e carta de intenção para inscriçoesemcena@gmail.com
Prazo para envio: 22 de agosto a 2 de setembro
Divulgação dos selecionados: 6 de setembro
Confirmação de participação: 6 a 9 de setembro
Segunda chamada/ suplências: 12 de setembro
ENCONTRO COM O GRUPO GALPÃO
O Grupo Galpão está entre companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro, com origem ligada à tradição do teatro popular e de rua. Com mais de 30 anos de atividades (foi fundado em 1982), o grupo desenvolve um trabalho que alia rigor, pesquisa, busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público. Sediado em Belo Horizonte (MG), em espaço próprio desde 1989, é um dos grupos brasileiros que mais viaja pelo Brasil, de Norte a Sul, e pelo Exterior (América Latina, América do Norte e Europa). Depois, alugou o prédio de um antigo cinema desativado, na mesma rua onde se localiza sua sede, e ali instalava o Galpão Cine Horto, um centro cultural de criação, formação, pesquisa e intercâmbio, aberto aos artistas e à comunidade. Formado por 12 atores que trabalham com diferentes diretores convidados, além dos próprios componentes, o Galpão forjou sua linguagem artística a partir desses encontros diversos. Uma das principais características é buscar montagens que dialoguem com o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o teatro de rua e de palco, o universal e o regional brasileiro. Outra característica marcante é a busca por formação de profissionais de teatro e também de público para esta arte. Em números, acumula 22 espetáculos, 44 festivais internacionais, 18 países visitados, mais de 70 festivais nacionais, mais de 250 cidades, mais de 1,7 milhão de espectadores.
Público-alvo: atores, estudantes e professores de teatro, curiosos e o público em geral, que queiram conhecer um pouco da história e da trajetória do Grupo Galpão.
Atividades: será apresentado um vídeo de 15 minutos retratando a trajetória do Galpão, exposição teórica de 45 minutos sobre as bases artísticas do trabalho do grupo, demonstração prática de um aquecimento corporal e vocal, realização de jogos teatrais que estimulem a percepção espacial e a abertura dos sentidos, seguido de debate com os participantes.
Vagas: 20
Ministrante: Eduardo Moreira (diretor e um dos fundadores do Grupo Galpão).
Local e data: Casa de Teatro de Porto Alegre, dia 14 de setembro, das 9h às 13h
INTRODUÇÃO AO TEATRO DE OBJETOS
Ainda pouco conhecido do grande público, o trabalho cênico com objetos vai ser apresentado em Porto Alegre, em oficina e espetáculo, pelo Grupo Sobrevento. O grupo paulista parte da ideia que a utilização do boneco como recurso expressivo pode dar origem a resultados novos e inusitados, no palco e no espectador. Formado em 1986, o grupo mantém extenso repertório de espetáculos e se dedica à pesquisa, teórica e prática, da animação de bonecos, formas e objetos. Nesses anos de estrada, acumulou conhecimentos que repassa em oficinas e workshops, no Brasil e no Exterior. Atua e ensina técnicas de manipulação em luva, em vestir, em máscaras, em marionetes, com vara, de fio, de sombra, de mão, em figuras, em brinquedos e de objetos, entre outras. Há 30 anos, a companhia mantém um trabalho estável e ininterrupto e tem-se apresentado em mais de uma centena de cidades de 19 Estados brasileiros. Também já levou seu know-how ao Peru, Chile, Espanha, Colômbia, Escócia, Irlanda, Argentina, Angola, Irã, México, Suécia e Estônia, representando o Brasil em alguns dos mais importantes festivais internacionais do gênero.
Público-alvo: terão preferência jovens atores, dançarinos, marionetistas, artistas plásticos, cineastas, video-makers, professores e interessados em teatro, nesta ordem.
Atividades: apresentará princípios básicos do teatro de objetos, mostrando como dar função poética ao objeto sem transformar a sua natureza, por meio de improvisações e metáforas, figuras de linguagens e associações de ideias.
Vagas: 20 vagas (os alunos devem trazer 30 objetos como ferramentas, brinquedos, objetos de costura, cozinha, decoração e um objeto que traga uma lembrança boa e outro que traga uma lembrança ruim).
Ministrante: Sandra Vargas, diretora do Grupo Sobrevento.
Local e data: Casa de Teatro de Porto Alegre, dias 21 e 22 de setembro, das 10h às 13h
FERRAMENTAS PARA MUITAS DANÇAS
Uma das principais companhias artísticas nacionais da atualidade, a Focus Cia. de Dança comemora 15 anos de atuação em 2016. Em uma década e meia de trabalho em palcos do Brasil e do Exterior, com turnês pela Europa e Estados Unidos. A Focus, seus bailarinos e coreógrafo, se solidificou, ano a ano, com seus trabalhos diferenciados. Após sua estreia no Teatro Cacilda Becker, em 2001, com Vértice o grupo coordenado por Alex Neoral, seguiu seus passos com criações próprias e coletivas, com linguagem inventiva de movimentos. Uma oficina com Neoral, com justa explicação, é algo disputado: já ministrou aulas em Washington DC, na Itália e atualmente dá aulas regulares no Centro de Artes Nós da Dança do Rio e é coreógrafo da comissão de frente da Unidos da Tijuca. Em um dos períodos de maior execução de sua dança no Exterior, entre 2010 e 2011, a companhia se apresentou em 32 cidades francesas destacando a aclamada Bienal da Dança de Lyon. No Exterior, já levou sua arte também para Portugal, Itália, Alemanha e Panamá. Foi a necessidade de jovens bailarinos estarem em cena e do desejo de Alex Neoral, coreógrafo e bailarino, de criar suas primeiras obras coreográficas que deu origem ao grupo. Uma das bases do projeto da companhia, especialmente a partir de 2005, foi estruturar um núcleo criativo e profissional, e introduzir na dança elementos de outras artes. A relação com os limites dos corpos a cada movimento, e a vontade de rever as impossibilidades, dão movimento até hoje à Cia Focus.
Público-Alvo: profissionais com nível adiantado em dança – adulto.
Atividades: a oficina oferece uma metodologia que mescla preparação técnica com aquecimento corporal e improvisação, aproximando o participante do processo de criação utilizado pelo grupo. Serão as principais bases das aulas os elementos de consciência corporal, improvisação e dança contemporânea. Os interessados nas oficinas experimentarão, no próprio corpo, os movimentos que conferidos nos espetáculos do grupo.
Vagas: 25
Ministrante: Alex Neoral, coordenador da Focus Cia. de Dança.
Local e data: Teatro do Museu do Trabalho, dia 24 de setembro, das 14h às 17h
MAGILUTH E O ENSAIO DO CAOS
Nascido de uma demanda da disciplina de Fundamentos da Expressão e Comunicação, em 2004, grupo pernambucano Magiluth é marcado pelo trabalho de experimentação, pesquisa e questionamentos sobre o ato cênico. Foi esse norte buscado desde o início da companhia, quando uniu a técnica de clowns e ao texto do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Levou para a rua um espetáculo sem voz, conduzido por gestos e expressões largas inspiradas no homem e seus egoísmos. Em diferentes trabalhos ao longo de mais de uma década de conquistas nacionais, o Magiluth levou ao palco a união de várias marcas estéticas do teatro moderno, como a improvisação, o roteiro não linear e fragmentado e a interação entre palco e plateia. O jogo cênico se tornou uma premissa para qualquer criação, especialmente a coletiva. Renovando o teatro clássico no Recife, o grupo abusa do performático e de interpretação genuínas, forçando espectadores e atores a repensar o conceito de encenação. É esse, também, o foco do workshop que o grupo fará durante o Em Cena: refletir, e fazer refletir, sobre a desconstrução da estrutura da narrativa de teatro tradicional.
Público-alvo: atores, atrizes, dramaturgos, diretores e estudantes de teatro.
Atividades: oficina estruturada a partir de O ano em que sonhamos perigosamente, a qual se busca entender as potências do caos da criação e como organizá-la numa composição poética possível na cena, tendo como provocação a ideia de Rizoma apresentada por Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Vagas: 25
Ministrantes: Lucas Torres e Erivaldo Oliveira, do grupo Magiluth.
Local e data: Casa de Teatro de Porto Alegre, dia 23 de setembro, das 13h30min às 18h
TEATRO ÉPICO E O PAPEL DO ATOR
Formada em dança moderna, a alemã Mona Kloos fará uma parada na Capital durante o Em Cena para discutir a obra A Mãe Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht. O foco do trabalho de Mona, neste workshop é analisar o papel do ator através da prática de exercícios em sala de ensaio para interpretação física, lúdica e visual. Para isso, Mona investigou influências políticas, sociais e artísticas de uma obra escrita em 1938 na Alemanha e reflete, junto com os participantes, as ações para criação e reflexão cênica do Brasil. No final da oficina, os alunos participarão de performance com apresentação de resultados do workshop. Mona estudou interpretação na Folkwang Hochschule, atuou no Grillo-Theater, Schauspielhaus Bochum e no Wuppertal Opera. Entre 2010-2015 foi membro do KonzertTheaterBern. Trabalhou no Royal Opera House de Londres. Atualmente, trabalha no Schauspielhaus Dusseldorf.
Público-alvo: atores, diretores e encenadores.
Atividades: discutir a obra A Mãe Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht e analisar o papel do ator através da prática de exercícios em sala de ensaio para interpretação física, lúdica e visual.
Ministrante: Mona Kloos
Vagas: 20 vagas
Local e data: Auditório do Goethe-Institut, de 16 a 25 de setembro, das 9h às 13h
DOCUMENTÁRIO E DEBATE SOBRE A ARMAZÉM COMPANHIA DE ARTE
Primeiro grande DVD de teatro produzido no Brasil, Da Arte de Subir em Telhados é uma parceria entre a Armazém Companhia de Teatro e a Raça Filmes e contém a versão integral do espetáculo que dá nome ao DVD e um documentário sobre seus 15 anos. Para o vídeo, o espetáculo foi gravado 21 vezes. A apresentação do documentário e o bate-papo com o grupo é uma das atividades paralelas do Em Cena. Pesquisas temáticas (com dramaturgia própria e ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (utilização do espaço, na cenografia ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima do telhado, atravessando uma trave de madeira ou imersos na água), a Armazém fez sua história ao longo de mais de 25 anos. De Londrina (PR), onde começou, ao Rio, onde se estabeleceu nos anos 1990, a questão determinante sempre foi à arte do ator. Corpo, voz e pensamento estão no centro pesquisa teatral do grupo. O grupo firmou sua personalidade na produção de dramaturgia própria. Mesmo quando trabalha a literatura, os textos são apenas referência. Obras de autores William Shakespeare, Tennessee Williams, Samuel Beckett, Nelson Rodrigues são utilizadas como ferramentas para observar como os autores observam as relações pessoais e constroem suas narrativas.
Atividades: apresentação do DVD e bate-papo com Paulo Moraes, diretor da companhia
Local e data: Casa de Teatro de Porto Alegre, dia 21 de setembro, às 15h
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