quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Crítica | O Contador


Em O Contador, Ben Affleck vive uma mescla de Batman (sem máscara) e Psicopata Americano. O longa não tem uma premissa original, entretanto a direção certeira do irlandês Gavin O'Connor e a atuação convincente de Affleck conseguem deixar essa produção interessante.

Na trama Ben Affleck interpreta Christian Wolf, um matemático autista que possui um escritório de fachada, para trabalhar de forma autônoma e informal como contador de criminosos perigosos. Certa vez, Lamar Black (John Lithgow), fundador de uma empresa de robótica, o convocou para realizar uma perícia contábil, em razão dos erros encontrados pela contadora Dana Cummings (Anna Kendrick). Enquanto isso, o chefe do departamento de crimes financeiros, Raymond King (J. K. Simmons) recruta a analista do Tesouro Marybeth Medina (Addai-Robinson) para descobrir a real identidade de Christian antes de se aposentar.


Visualmente, a direção de fotografia utiliza recursos muito bons que engrandeceram diversas cenas, tais como: o enquadramento de Wollf em planos fixos e centralizados do prato de comida, dos talheres na gaveta, assim como sua posição vista de uma janela que reforçaram a ideia do caráter metódico do personagem; a forma como “choque-terapia” é utilizada por ele, com vários jogos de luzes, sombras, e uma trilha sonora que complementou muito bem a sua intenção de superar todos os fatores que provocam os surtos de ansiedade; os ângulos plongées repetidamente empregados, exatamente quando há alguma lembrança dolorosa.

Entretanto, as subtramas desenvolvidas se perdem rapidamente, haja vista os elementos desnecessários que são inseridos, e dessa forma, ele não consegue manter-se coerente e coeso. Nesta lista temos a personagem de Anna Kendrick, a qual ficou completamente solta na narrativa. A relação entre Dana e Christian é pouco aprofundada, perdendo uma ótima oportunidade de explorar o lado social e afetivo do autista. Inclusive, ela é esquecida na maior parte do filme.


Toda a ação ocorre de forma rápida e roteiro rejeita monólogos desnecessários. Volta e meia, o filme recorre a flashbacks da infância de Wolff sem tornar esse recurso maçante – como acontece em tantos outros filmes. É possível até dizer que Affleck está mais confortável no combate corpo a corpo neste filme do que em seu desempenho em Batman Vs Superman. Aliás, outra semelhança entre o personagem e o Homem-Morcego são os seus "brinquedinhos". Entretanto, os gadgets de Wolff não são tão interessantes assim.

Apesar do final anticlimático e incapaz de fechar todos os arcos abertos na trama, O Contador surpreende com boas cenas de ação e um Ben Affleck mais carismático que o esperado. O roteiro oferece alívio cômico em horas necessárias, bem como humaniza o personagem, sem o isentar de julgamentos morais.

NOTA: 4,5

O CONTADOR
Direção: Gavin O'Connor
Roteiro: Bill Dubuque
Elenco: Ben Affleck, Anna Kendrick, J. K. Simmons, Jon Bernthal, Jeffrey Tambor e John Lithgow.
Data de lançamento: 20 de outubro de 2016

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